
Uma visão do futuro
Um futuro livre de etnocentrismo
“…O primeiro desafio é, pois, tomar consciência daquilo que Israel nos fez… e, a partir daí, acredito que devemos conservar a possibilidade de ter acesso a uma forma de coexistência que possibilite uma vida melhor, uma vida nova e livre de etnocentrismo e de intolerância religiosa… Se apresentarmos as nossas reivindicações sobre o passado como forma de acesso à coexistência mútua, a resposta a longo prazo da parte de Israel e do Ocidente será vibrante…”
In: “The Progressive”, por Edward Said, Março de 1998.
A resposta? Um estado palestino soberano!…
“…O destino final do acerto da paz entre palestinianos e israelitas começou a emergir das brumas da política. Tal acerto deve… dar ao povo palestino um estado próprio soberano, incontestado e independente. É uma questão de justiça e de sentido prático. Se a finalidade for uma paz estável e duradoura, esta é a única solução. Simples artimanhas ou aparências não vão chegar. O estado terá de ser uma realidade operacional, e as condições seguintes essenciais:
─ Territorialidade integral, com plena continuidade; a continuação das fracturas do território palestino tornarão sempre inviável a sua manutenção como estado, quer política quer economicamente; não pode haver bolsas interiores num estado palestino sob jurisdição israelita!…
─ Uma capital soberana em Jerusalém: Jerusalém Leste é o coração histórico, espiritual e comercial da Palestina. Excluí-la do estado palestino é impensável.
─ Justiça e igualdade para os refugiados; como questão de princípio, é inegociável o direito que os palestinianos têm de regressar às suas terras, ou a ser compensados pela perda de suas terras e de suas casas.
Israel deve reconhecer o sofrimento e a penúria que tiveram de enfrentar os refugiados palestinianos como consequência da expulsão a que foram sujeitos da sua pátria mãe, e deve prestar assistência à sua reabilitação e reabsorção…”
Editorial de A.S. Khalidj, no “The New York Times” de 11 de Fevereiro de 1997.
A reivindicação dos refugiados palestinianos é justa e realista
“…O deputado e engenheiro palestiniano Salman Abu Sitta demonstrou que o regresso dos refugiados é possível sem apreciável deslocação de residentes judeus. Isto porque setenta e oito por cento da população judaica de Israel vive apenas em 15% do território…”
“…Ironicamente, a terra da Galileia Superior da qual são oriundos uma altíssima percentagem dos refugiados que foram expulsos é muito pouco populosa, porque muitos dos imigrantes que ali se instalaram não quiseram permanecer tão afastados dos principais centros de vida urbana de Israel tais como Tel-Aviv, Haifa e Jerusalém.
Daqueles que realmente ali continuam a tratar a terra, muitos são Tailandeses ou Romenos não-judeus, destinados a retirarem-se para os seus países de origem, uma vez terminados os seus contratos de trabalho…”
Afirmações de Richard Curtiss, na edição de Junho de 2000 do “Washington Report On Middle East Affairs”.
Professor israelita apela para um novo sionismo
“…Foi o nosso nacionalismo que conduziu o país à “ocupação” e ao assentamento de colonos na Cisjordânia.
Nenhum dos dirigentes do movimento trabalhista acreditava que os palestinianos tinham os mesmos direitos que os judeus, porque nenhum deles acreditava em direitos universais.
Fazendo de conta, como Arthur Hertzberg e outros, que a ocupação e a situação colonial criada nos últimos trinta anos foi meramente o produto da recusa árabe de reconhecer Israel, não é mais do que procurar álibis e falsificar a história…”
“…Chegou a altura de dizer que se os assentamentos na Judeia e Samaria ou em pleno coração do Hebron são a continuação natural, lógica e legítima das intenções originais do sionismo, então necessitamos de outro sionismo.
Se um “Estado Judeu” que não reconhece a absoluta igualdade de todos os seres humanos é considerado mais próximo do espírito dos “pais fundadores” do que o novo sionismo liberal, então é tempo para dizer adeus aos fantasmas dos fundadores, e começar a forjar para nós próprios uma identidade diferente, separada das ramificações místicas da nossa religião e do lado irracional da nossa história…”
Afirmações de Ze’ev Sternhell, professor israelita de Ciências Políticas, publicadas no “Tikkun” de Maio/Junho de 1998.
Fontes para mais investigações a respeito da Palestina e Israel
As curtas citações inseridas ao longo desta obra, não são o bastante para provar as razões expostas. A comprovação histórica, contudo, é esmagadora e está disponível de forma documentada nas obras que foram sendo citadas. As fontes principais são as seguintes:
1. “Palestine and Israel: A Challenge to Justice” de de John Quigley, professor de direito da Ohio State University, Duke University Press, 1990;
2. “The fatefull Triangle”: “The United States, Israel & The Palestinians” de Noam Chomsky, professor do Massachussets Institut of Technology (MIT) (“o mais importante intelectual vivo” – “New York Times”); South End Press, 1983;
3. “Original Sins: Reflections on the History of Zionism and Israel” By Benjamin Beit -Hallahmi. Uma história honesta do sionismo por um notável professor Israelita que ensina na Universidade de Haifa. Olive Branch Press, 1993.
4. “Bitter Harvest” por Sami Hadawi. Uma observação muito completa às provas documentais da criação do estado de Israel, de autoria de um cristão palestiniano que viveu esse processo. Caravan Books 1979
5. Para artigos da imprensa alternativa e da imprensa israelita, consultar os seguintes endereços: http://www.zmag.org/, ehttp://www.commondreams.org/.
6. Outra fonte importante é a “Jewish Voice for Peace”. Pode integrar a sua mailing-list através do endereço:shlensky@socrates.Berkeley.edu.
7. Também a “Americam Educational Trust” entidade que publica o“Washington Report on Middle East Affairs” (uma grande revista) apresenta uma vasta secçãso de livros disponíveis. Peça catálogo grátis a AET, PO Box 53062, Washington, DC 20009. Também disponível na net em http://www.washington-report.org/
CONCLUSÕES – I (para leitores judeus)
Como vimos as causas fundamentais do conflito Palestina e Israel são claras.
Durante a guerra de 1948, 750.000 palestinos fugiram aterrorizados ou foram expulsos pela força da sua pátria ancestral e por isso, transformados em refugiados.
O estado de Israel recusou-lhes, na sequência disso, a autorização para regressar e, ou destruiu inteiramente as localidades onde habitavam, ou expropriou as suas terras, pomares, casas, lojas, pertences pessoais e de negócio, para serem utilizados pela população judia.
Este foi o nascimento de Israel!…
Sabemos que é difícil de aceitar emocionalmente mas, neste caso, o povo judeu está no lado do erro.
Tomámos a maior parte da Palestina pela força aos árabes e culpámos as vítimas por resistir à sua espoliação.
Se um de vós por qualquer razão vai de encontro a um carro parado, danificando-o, manda a justiça que tenha que pagar a reparação respectiva.
A nossa obrigação moral para com os palestinianos não é menos clara: é tempo de todos os judeus de boa consciência fazerem as reparações possíveis aos palestinianos, de forma a honrar o melhor da tradição judaica: a sua base ética e moral.
Qualquer crítica que se faça a Israel é tradicionalmente vista pelos judeus americanos como prejudicial para o povo judeu, mesmo que a crítica seja justa.
O princípio de que “o meu povo, certo ou errado, é na mesma o meu povo” não é diferente daquele outro que afirma que: “o meu país, esteja certo ou errado, é na mesma o meu país”.
Quando se começa a entender que os meios justificam sempre os fins, perdemos a razão para evocar a moralidade.
Bem como milhões de outros judeus americanos que não estão inscritos em organizações judaicas americanas, sentimo-nos ultrajados pela continuada opressão efectuada sobre os palestinianos, e julgamos que isso tem arruinado os altos padrões morais do povo judeu.
O governo israelita poderia resolver a crise israelo-palestina de um dia para o outro!
Fazer isso seria fora de dúvida no melhor interesse dos seus próprios cidadãos, dado que os actos de terrorismo contra Israel cessariam se as reivindicações palestinas de um estado palestino independente e viável fossem aceites e dadas as indemnizações por perdas sofridas pelos árabes.
Aqui na América nós, judeus, estamos completamente assimilados no seio da sociedade, e ocupamos posições de poder e influência em todo e qualquer domínio de actividade. Já não necessitamos de actuar de forma defensiva. Podemos mudar de atitude, dado que não está em causa sermos judeus ou não.
No mínimo dos mínimos os judeus americanos devem esclarecer categoricamente que não podemos admitir a ocupação ilegal da Palestina por Israel, e o assassínio e a mutilação de manifestantes que apenas atiram pedras, conforme está documentado em relatórios do Conselho de Segurança das Nações Unidas, da Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos, da Amnistia Internacional, da “Human Rights Watch”, o grupo israelita “B’Tselem”, etc.
De acordo com um inquérito encomendado pelas cinco principais organizações de judeus americanos, mas mais tarde escamoteada por elas, 20% dos judeus americanos apoiava as solicitações palestinianas e 35% declaravam que Jerusalém devia ser partilhada.
Isto, perante um quase total supressão das notícias a respeito das posições palestinianas na nossa imprensa, é muito impressionante.
Reúnam-se a este grupo de judeus americanos contactando “Not In My Name” em http://www.nimn.org/, grupo que lidera um conjunto de grupos judaicos que protesta contra as ocupações feitas por Israel.
Os interesses de longo prazo de Israel podem ser melhor servidos apoiando os grupos israelitas que pugnam pela paz, tais como “Gush Shalom” (http://www.gush.shalom.org/) e não o governo de Israel e a sua brutal repressão, que conduz a uma interminável violência. Os grupos israelitas pela paz criticam com toda a razão o seu governo, e também nós devíamos fazê-lo, uma vez que eles dizem agir em nosso nome.
Grupos americanos como o “Jewish Peace Lobby”, a “Jewish Voice for Peace” e a “Middle East Children’s Alliance” também merecem apoio.
Não comprometam o vosso comportamento ético apoiando cegamente políticas erradas – apliquem-se, pelo contrário, na busca das soluções justas.