Origens do conflito entre IsOrigens do conflito entre Israel e a Palestina Parte IXrael e a Palestina Parte IX

As decisões das Nações Unidas para fazer a “partilha” da Palestina e depois a de admitir o estado de Israel como seu membro foram tomadas, em parte, como...

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As decisões das Nações Unidas para fazer a “partilha” da Palestina e depois a de admitir o estado de Israel como seu membro foram tomadas, em parte, como resposta emocional aos horrores do holocausto. Em condições verdadeiramente normais a justa reivindicação da maioria árabe à soberania teria levado a melhor.
Esta reacção de culpa de parte dos aliados ocidentais foi compreensível, mas isso não significa que os palestinianos devessem ter de pagar pelos crimes cometidos por outros – exemplo clássico que dois erros somados não produzem uma decisão certa.O holocausto é frequentemente usado como argumento final a favor do sionismo, mas será tal associação legítima?
Há muitos aspectos a considerar na resposta honesta a essa questão. Primeiro teremos que examinar os arquivos históricos quanto ao papel que os sionistas desempenharam para salvar a comunidade judaica dos nazis.

Shamir propôs uma aliança com os nazis

“… em 1941 o grupo sionista LEHI, e o seu líder Yitzhak Shamir que chegaria mais tarde a ser primeiro ministro de Israel, abordou os nazis em nome da sua organização originária, a IRGUN (NMO) nos seguintes termos:
O estabelecimento do estado histórico dos judeus baseado no totalitarismo e no racismo e ligado ao Reich alemão por um tratado seria no interesse do reforço do futuro das relações de força da nação alemã no Próximo Oriente. O NMO da Palestina propõe tomar parte activa na guerra ao lado da Alemanha…”
Os nazis rejeitaram a proposta de uma aliança porque, de acordo com declarações, consideraram o poder militar da LEHI como insignificante…”

In: The Washington Report On Middle East Affairs, Julho/Agosto 1998, por Allan Brownfield.

Salvar Judeus do holocausto não seria o principal objectivo do sionismo?
“…Em 1938 foi organizada uma conferência de trinta e um países em Evian, França, para a reinserção das vítimas do nazismo. O Organização Mundial Sionista recusou-se a participar, receando que a reinstalação de judeus noutras partes do mundo reduzisse o número de judeus disponíveis para colonizar a Palestina…”
In: “Palestine and Israel: A Challenge to Justice”, de John Quigley.
“…O encontro do executivo da Agência Judaica em 26 de Junho de 1938 concluiu que o mais aconselhável para os sionistas era menosprezar tanto quanto possível a conferência de Évian e procurar que não chegasse a conclusões.
“Estamos especialmente preocupados se organizações judaicas conseguirem reunir grandes somas em dinheiro para ajudar refugiados judeus e que tais importâncias prejudiquem as nossas próprias recolhas de fundos…” Ben-Gurion declarou nesse mesmo encontro: “Nenhuma justificação pode transformar a conferência de modo a fazê-la passar de perigosa a útil. O que podemos fazer é limitar os seus estragos o mais possível…”
In: “Jewish State or Israeli Nation?” de Boas Evron, autor israelita.
“…Ben-Gurion declarou: “…se eu soubesse que era possível salvar todas as crianças da Alemanha transportando-as para a Inglaterra, mas somente metade delas para a Palestina, escolheria a segunda hipótese – porque aquilo que enfrentamos não é apenas o reconhecimento de tais crianças, mas o reconhecimento histórico do povo judeu…”
A seguir aos “progroms” da “Kristallnacht” , Ben-Gurion comentou que “a consciência humana pode levar vários países a abrir as suas portas a refugiados judeus da Alemanha. Ben-Gurion viu isso como um perigo e recomendou: “O sionismo está em perigo”
In: “The Seventh Million” de Tom Segev, historiador israelita.
“…mesmo o simpático biógrafo de Ben-Gurion reconheceu que ele nada fez na prática para o salvamento de judeus, dedicando as suas energias a tarefas relativas ao pós-guerra. Delegou as tarefas de salvamento a Yotzak Gruenbaum que declarou: “Vão dizer que sou anti-semita, que não quero evitar o exílio, que não tenho um “varm yiddish hartz” (um quente coração judeu)… deixá-los dizer o que quiserem! Não vou pedir à Agência Judaica que mobilize 300.000 ou 100.000 libras para ajudar a comunidade judaica da Europa. E penso que quem quer que peça uma tal coisa está a levar a cabo uma acção anti-sionista…”

“…os sionistas da América assumiram a mesma posição. No encontro de Maio de 1943 do “American Emergency Committee for Zionist Affairs”, Nahum Goldmann argumentou: “se se preparar um golpe contra o “Livro Branco” (política britânica de restrição à emigração judaica para a Palestina) as manifestações de massas contra o assassinato de judeus na Europa terão que ser deixadas de lado. Não temos gente disponível para ambas as campanhas…”
In: “The Holocaust in American Life” de Peter Novick
“O movimento sionista interferiu e obstruiu outras organizações judaicas e não-judaicas sempre que imaginasse que as suas actividades políticas ou humanitárias fossem de sentido diverso ou competissem com os objectivos sionistas, mesmo quanto tais actividades fossem favoráveis aos judeus, mesmo quando se apresentassem como questões de vida ou de morte. Beit Zvi documenta a indiferença da liderança dos sionistas quanto ao salvamento de judeus da ameaça nazi, excepto nos casos em que judeus pudessem ser trazidos para a Palestina, por exemplo no caso da disponibilidade do ditador da República Dominicana Rafael Trujillo de receber cem mil refugiados judeus e a sabotagem dessa ideia pelo movimento sionista, como de outras que também houve para localizar judeus no Alaska e nas Filipinas…”

“…A imbecilidade do movimento sionista relativamente à comunidade judaica da Europa não a impediu, mais tarde, de proferir acusações exaltadas contra todo o mundo pela indiferença relativamente à catástrofe judaica ou de efectuar exigências materiais, políticas e morais, a todo o mundo, devido a essa indiferença…”
In: “Israeli State or Israeli Nation”, de Boas Evron, autor israelita.
“…Já aprofundei exaustivamente as razões de estarmos aqui, razões pelas quais eu como pioneiro de 1906 posso afirmar que nada têm a ver com os nazis!… Estamos aqui porque a terra é nossa. E estamos aqui porque a fizemos nossa de novo neste momento e com o trabalho que nela praticámos. O nazismo e o nosso martírio no estrangeiro nada tem a ver directamente com a nossa presença em Israel…”
In: “Memoirs”, de David Ben-Gurion.”
“…Olhando o passado é fácil dizer que os milhões de judeus que foram assassinados pelo holocausto teriam sido poupados se a Palestina estivesse disponível para aceitar uma imigração ilimitada. A história deste período não é simples.
Primeiro, recordemos que outros planos de instalação foram propostos e energicamente recusados pelo movimento sionista.
Segundo, a grande maioria dos judeus europeus não eram sionistas e não tinham tentado emigrar para a Palestina antes de 1939.
Terceiro, depois de a guerra ter começado, à medida que os nazis iam ocupando países, recusaram-se a deixar sair judeus, tornando a emigração virtualmente impossível. E a Palestina, como já mostrámos, já se encontrava ocupada; Os árabes ali residentes tinham razões mais válidas do que qualquer outro país para querer limitar a imigração judaica. Leia-se o seguinte:

Emigração para a Palestina antes da Segunda Guerra Mundial
“…Em 1936 a União Social Democrata (Social Democratic Bund) teve uma vitória acentuada na Polónia, nas eleições para a “Kehilla” (comunidade) judaica. As suas principais palavras de ordem incluíam “uma hostilidade inflexível” ao sionismo, e à promoção da emigração de judeus polacos para a Palestina. A União desejava lutar contra o anti-semitismo na Polónia, permanecendo ali. O objectivo dos sionistas era contrário, por uma questão de princípio, a todos os principais partidos e movimentos da comunidade judaica de antes da guerra de 1939… Nos outros países da Europa de Leste a influência do sionismo era ainda mais fraca…”
In: “The Myth os Rescue”, pelo Prof. William Rubinstein.
“…De facto o sionismo sofreu a sua própria derrota no holocausto, falhando como movimento. Ao fim ao cabo não tinha conseguido convencer a maioria dos judeus a deixar a Europa para se fixarem na Palestina enquanto isso ainda era possível…”
In: “The Seventh Million”, de Tom Segev, historiador israelita.
Emigração durante a 2ª Guerra Mundial
“…quando começou a Guerra o governo nazi decretou a proibição da emigração na Alemanha e em todos os países que foram caindo sob o seu poder. Depois de 1940 tornou-se portanto impossível para os judeus emigrarem da Europa que fora ocupada pelos nazis, para lugares seguros. As portas tinham-se fechado pesadamente: pelos nazis, que não fiquem dúvidas…”
In: “The Myth os Rescue”, pelo Prof. William Rubinstein.

A Palestina também não era porto seguro
“…em Setembro de 1940, os italianos, em guerra com a Grã-Bretanha bombardearam a parte baixa da cidade de Tel-Aviv, com mais de cem vítimas. Como o exército alemão estava a conquistar a Europa e o Norte de África parecia possível que acabaria por fazer o mesmo à Palestina. No Verão de 1940 e na Primavera de 1941, e de novo no Outono de 1942 o perigo parecia eminente. Os yushuv entraram em pânico. Muitas pessoas tentaram escapar-se do país, mas não era fácil. Muitos, não querendo correr certos riscos, traziam consigo cápsulas de cianeto…”
In: “The Seventh Million”, de Tom Segev, historiador israelita.
Em todo o caso a Grã Bretanha não podia ceder a Palestina: ela já estava ocupada!…
“… viemos para este país que já estava povoado por árabes, e estamos a instalar aqui um estado hebreu, quer dizer, um estado judeu. Vilas judaicas foram construídas no lugar de vilas árabes. Não há uma única comunidade no país que não tenha sido anteriormente povoada por árabes…”
Palavras de Moshe Dayan, líder israelita citado por Benjamin Beit-Hallahmi no seu livro “Original Sins”.
“…podemos argumentar pelo direito de uma minoria perseguida a encontrar refúgio noutro país capaz de o receber; é constrangedor, no entanto, argumentar pelo direito de uma minoria pacífica deslocar politica e até fisicamente a população indígena doutro país. Esta contudo era a intenção real do movimento sionista…”
In: “Image and Reality of the Israel-Palestine Conflict”, de Norman Finkelstein.
O uso do holocausto com fins políticos
“…em 1947 as Nações Unidas nomearam uma comissão especial, a UNSCOP (United Nations Special Committee on Palestine) para tomar decisões a respeito da Palestina. Os seus membros foram solicitados a visitar os campos de sobreviventes do holocausto. Muitos de tais sobreviventes desejavam emigrar para os Estados Unidos, um desejo que minava as pretensões sionistas de que o destino da comunidade judaica da Europa estava ligado ao da comunidade judaica da Palestina. Quando os representantes da UNSCOP chegaram aos campos, não se deram conta de manobras de bastidores que limitavam o seu contacto apenas com candidatos à emigração para a Palestina…”
In: “The Link – January, March, 1998” de Ilan Pappe, historiador Israelita.
“…no interior dos campos de pessoas deslocadas (DP camps), emissários da Yushuv organizavam os programas de actividade, principalmente quanto ao testemunho a ser dado pelos deslocados quanto ao lugar para onde tencionavam ir, quer ao “Anglo-American Committee of Inquiry”, quer à UNSCOP.
Os enviados da Agência Judaica fizeram um relatório para Israel de que tinham tido êxito em impedir testemunhos “indesejáveis” no decurso das entrevistas. Um deles escreveu à sua namorada dizendo “que temos de mudar constantemente o estilo de escrita e de caligrafia de maneira que eles pensem que os questionários foram preenchidos pelos refugiados…”
In: “The Holocaust in Americam Life”, de Peter Novick.
Conselheiro de Roosevelt explica porque razão não foi oferecido direito de asilo nos EUA aos judeus refugiados depois da 2ª Guerra Mundial
“…Que aconteceria se o Canada, a Austrália, a América do Sul, Inglaterra e os Estados Unidos se dispusessem todos a abrir a porta a certa migração? Mesmo agora, em 1947, é minha opinião, e tenho ido à Alemanha desde o fim da guerra, que só uma minoria dos refugiados judeus escolheria a Palestina para viver…”

“…Roosevelt propôs um orçamento mundial para facilitar a emigração de 500.000 derrotados da Europa. Cada nação abriria as suas portas a alguns milhares. Sugeriu-me portanto que durante as minhas viagens por sua conta a Inglaterra durante a guerra fosse sondando por alto e informalmente os lideres de opinião pública, dentro e fora do governo. A resposta foi simples: a Grã-Bretanha fará tal e qual o que fizerem os EUA, pessoa por pessoa, quanto a admissões de gente proveniente da Europa. Parecia pois, que tudo estava combinado. Com o resto do mundo provavelmente na disposição de aceitar 200.000 refugiados, havia fortes razões para que o presidente pressionasse o Congresso para receber pelo menos 150.000 imigrantes, depois da guerra…”

“…livrar-nos-ia da hipocrisia de fecharmos as nossas próprias portas, ao mesmo tempo que fazíamos pias exigências aos árabes. Mas a ideia não funcionou. O falhanço das organizações de liderança judaicas para apoiar de forma zelosa este programa de imigração pode ter estado na origem de o presidente nunca se ter preocupado muito com o cumprimento do mesmo…”

“…Falei com muitos activistas das organizações judaicas. Sugeri o plano e fiquei estupefacto, e até senti como um insulto quando líderes judeus me não ligaram importância, me ridicularizaram e depois me atacaram como se eu fosse um traidor. Penso que sei a razão para a maior parte dessa oposição. Há um interesse profundo, genuíno, fanático e emocional mesmo, em propagandear o movimento sionista. Homens como Ben Hecht estão muito pouco preocupados em evitar que o sangue corra, a menos que seja o seu próprio…”
In: “So Far, So Good”, de Morris Ernst, assessor jurídico e amigo do presidente Roosevelt.
“Vitimologia”
“…os judeus que jogaram a cartada de se armarem em vítimas têm consciência não só da sua eficácia social, mas também da sua utilidade em assegurar a obtenção de solidariedade judaica e, por isso, meios de sobrevivência. Se fossemos odiados para sempre por todos e sendo condenados a ser para sempre odiados por todos, o melhor seria cerrar fileiras e tirar o melhor partido disso. Pessoalmente nunca achei que essa ideia do “gentio” eternamente portador de ódio, tivesse qualquer coisa a ver com a realidade. Parece um mito, puro e simples e por sinal, bem feio…”

“…Será eficaz como meio de controlo social? Talvez, mas com que custos? Aliena a fé e a história de judeus e de gentios de igual maneira, salvo no que toca a alguns meses das suas confrontações mútuas. Atola-se num imaginário sinistro e exalta para todo o sempre um judeu moralmente superior, vitimizado pelo, para todo o sempre, inferior “goy”. Passei a maior parte da minha vida de adulto na companhia de Judeus hassídicos, a maior parte dos quais eram sobreviventes do holocausto, e nunca tive de suportar a infatigável e patética “vitimologia” e a doentia necessidade de memoralizá-la. A “vitimologia” permite aos judeus passar de lado a sua própria fé e oferecer em substituição lealdade nacional ao estado Israel/holocausto…”
Palavras do Rabbi Mayer Schiller, citadas em “Issues of the American Council for Judaism”, Verão de 1998.

# posted by XYZ @ 1.9.06

Considerações gerais

Israel tem procurado a paz com os estados árabes vizinhos mas sempre recusou energicamente negociar directamente com os palestinos. Porquê?
“…Tenham cuidado, amigos! Ao reconhecer o conceito de “Palestina”, estão a deitar por terra o direito de viver em “Ein Hahoresh”. Se isto é a Palestina e não a Terra de Israel, passam a ser conquistadores e não aqueles que cultivam o seu chão. São os seus invasores. Se isto for a Palestina, ela pertence ao seu povo, aos que residiam aqui antes da vossa chegada. Só se for a Terra de Israel terão o direito de viver em Ein Hahoresh e em Deganiyah B. Se não for o vosso país, a vossa pátria mãe, o país dos vossos antepassados e o dos vossos filhos, então o que é que estais aqui a fazer? Viestes para a terra mãe de outro povo, como eles reclamam, e daqui os expulsasteis, apoderando a sua própria terra…”
Palavras de Menahem Begin, citado por Noam Chomsky no seu livro “Peace in the Middle East”

Mais informações de fonte limpa
“… Porque haveriam os árabes de querer a paz? Se eu fosse um líder árabe nunca iria parlamentar com Israel. É óbvio: nós ocupámos a terra deles. É certo que Deus tinha-no-la prometido, mas que significa isso para eles? O nosso Deus não é o deles, nós viemos de Israel, é certo, mas há dois mil anos, e o que significa isso para eles? Houve o anti-semitismo, os nazis, o Hitler, Auschwitz, mas que culpa tiveram eles? Os árabes apenas vêem uma coisa: que viemos para aqui, que roubámos as suas terras. Porque haveriam de aceitar tal coisa?…”
David Ben-Gurion citado por Nathan Goldman, que foi presidente do World Jewish Congress, no seu livro “The Jewish Paradox”
“…Ante os próprios olhos dos Palestinos encontramo-nos de posse das terras e das localidades onde viveram eles e os seus antepassados. Nós somos a geração de colonizadores, e sem colocarmos o capacete de aço e sem levarmos uma metralhadora debaixo do braço não conseguimos plantar uma árvore ou construir uma casa…”
Moshe Dayan, líder israelita, citado por Benjamin Beit-Hallahmi no seu livro: “Original Sins: Reflections on the History of Zionism and Israel”
“…Os árabes irão ser o nosso problema por muito tempo, disse Weizmann. Não vai ser um problema simples. Um dia eles vão ter de sair daqui e deixar-nos o seu país. Eles estão na proporção de dez árabes para um judeu, mas nós, judeus, não teremos dez vezes mais inteligência do que eles?…”
Palavras do líder sionista Chaim Weizmann proferidas na Conferência de Paz de Paris, em 1919, citadas por Ella Winter no seu livro “And Not To Yield”.
O consenso internacional a respeito de Israel (uma pequena amostra muito representativa)
“…no começo dos anos 50 os estados árabes queixavam-se frequentemente das represálias de que eram vítimas ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, que rejeitava sistematicamente as reivindicações de Israel à auto-defesa…”

“…Em Junho de 1982 Israel invadiu mais uma vez o Líbano, e usou bombardeamentos para destruir inteiramente campos de refugiados árabes palestinos. Por este processo Israel matou 20.000 pessoas, civis na sua maior parte… enunciando motivos de auto-defesa para a sua invasão, mas a inexistência de ataques efectuados pela OLP a Israel durante o ano anterior tornou duvidoso esse argumento. O Conselho de Segurança da ONU ordenou que Israel retirasse imediata e incondicionalmente todas as suas forças militares das fronteiras internacionalmente reconhecidas do Líbano…”

“…A Comissão dos Direitos Humanos das Nações Unidas, com base na disposição de que certas violações das leis humanitárias são “infracções graves” que merecem punição criminal para os seus autores, identificou um número de práticas israelitas durante o levantamento (a “intifada”) que considerou “crimes de guerra”. Nomeadamente torturas físicas e psicológicas infligidas a prisioneiros palestinianos, sujeitos a tratamento impróprio e desumano; a imposição de “punições colectivas” a cidades, vilas e campos de refugiados palestinos; a detenção administrativa de milhares de palestinianos; a expulsão de cidadãos palestinos; a confiscação de seus bens e a invasão e demolição de casas de palestinianos…”
In: “Palestine and Israel: A Challenge to Justice”, de John Quigley.
Desde 1970 até 1999 o Supremo Tribunal Israelita decidiu a proibição da tortura durante interrogatórios (teoricamente). Entretanto centenas de milhar de palestinos são sujeitos a tratamento desumano nas prisões de Israel.

“…As duas principais entidades, ou agências, encarregadas de fazer interrogatórios nos “territórios ocupados” usam sistematicamente processos de maus tratos e de tortura, considerando a definição que é internacionalmente dada a esses termos. Os métodos usados em quase todos os interrogatórios são a privação prolongada do sono, a privação da vista pela aplicação de vendas ou carapuços muito apertados, manutenção dos prisioneiros em posições forçadas que causam dores progressivamente violentas; tratamento verbal violento e insultuoso…”

“…Estes métodos são quase sempre acompanhados com alguns das seguintes ofensas: aprisionamento em locais pequeníssimos, tipo armário, exposição a temperaturas muito elevadas, tal como inversamente em salas enregeladas; privação de acesso a actos fisiológicos e higiénicos; tratamentos degradantes; os espancamentos são muito mais frequentes nos interrogatórios feitos pelas forças armadas do que pelos GSS (serviços de segurança) israelitas. Dezasseis de dezanove prisioneiros que entrevistámos (entre 1992 e 1994) disseram-nos que tinham sido agredidos durante os interrogatórios . Levaram socos e pontapés na garganta, testículos e no estômago. Alguns foram sujeitos a choques eléctricos e foram atirados de cabeça de encontro às paredes…”

“…Os interrogatórios israelitas usam sistematicamente métodos combinados, durante largos períodos de tempo.Deste modo, um prisioneiro detido pelo GSS (General Security Service) pode passar semanas durante as quais, excepto por breves intervalos, é transferido alternadamente de uma cadeira diminuta à qual é acorrentado dolorosamente para um cubículo asfixiante onde mal se pode mover, para depois ser interrogado à medida que é espancado e maltratado, passando de novo para a situação da cadeira, e assim sucessivamente!…”

“…O uso combinado, intenso e prolongado deste conjunto de processos provoca um sofrimento mental e físico que corresponde às definições internacionais de tortura. Os governantes israelitas não podem invocar desconhecimento de que tais maus tratos são a norma nos seus centros de interrogatórios. O número de vítimas é demasiado numeroso e os abusos sistemáticos…”
Relatório de 1994 da Human Rights Watch, “Torture and Ill-Treatment: Israel’s Interrogation of Palestinians from the Occupied Territories.”

“… A Amnistia Internacional também observou que, quando levados a tribunal, a maior parte dos reclusos palestinianos presos por “crimes terroristas” e torturados pelo Shin Bet (GSS) eram acusados de “pertencer a associções ilegais” e por terem “atirado pedras”. Também havia cativos por delitos de consciência ou por terem unicamente empunhado uma bandeira. Numa certa altura o editorialista B. Michael do Ha’aretz referiu que não havia um único caso de torturas do Shin Bet que se tivessem aplicado a alguém que tenha procurado colocar bombas, ou algo assim. Em todos os casos em que os palestinianos fizeram queixas de tortura, o Shin Bet justificou-se com a necessidade de extorquir confissões acerca de algo que já havia sucedido e nunca a respeito que estava ainda por acontecer…”
In: “The Rise and Fall of Palestine”, de Norman Finkelstein.
A Comissão das Nações Unidas Contra a Tortura de 1997 toma decisões contra Israel
“…B’Tselem calcula que os GSS interroga anualmente entre 1.000 a 1.500 Palestinianos (calculo efectuado em 1998). Oitenta e cinco por cento dos quais – pelo menos 850 pessoas por ano – são torturdas durante tais interrogatórios…”

“…A Comissão das Nações Unidas Contra a Tortura chegou a uma conclusão inequívoca: Os métodos de interrogatório usados nas prisões de Israel constituem violação do artigo 16, além de constituirem actos de tortura conforme o artigo 1 da Convenção. Como Estado Membro da Convenção Contra a Tortura, Israel está impedido de apresentar requisitos especiais a esta Comissão. A proibição da tortura é absoluta e não há requisitos especiais que justifiquem excepções ou derrogações a seu respeito….”
In: “Relatório de 1998 da B’Teslem, The Israeli Information Center for Human Rights in the Occupied Territories, “Routine Torture: Interrogation Methods of the General Security Service.”
Argumentos usados para justificar o sionismo
“…Não há claramente necessidade de justificar o sonho sionista, o desejo de alívio para o sofrimento dos judeus…

O problema do sionismo aparece no momento em que ele desembarca, por assim dizer, na Palestina. O que tem de ser justificado é a injustiça para com os palestinos causada pelo sionismo, a espoliação e a vitimização de todo um povo. Há aqui qualquer coisa que soa a falso, um erro que cria a necessidade de justificações…”

“…Por exemplo, a reivindicação do legado ancestral… O objectivo do sionismo é a restauração de uma soberania judaica com estatuto equivalente ao de há 2.000 anos. Contudo o sionismo não propõe que se estabeleça o mesmo tipo de atitude para com todas as situações vividas no mundo. Não propõe por exemplo que se restaure a totalidade do Império Romano!… Além disso, os palestinos já reivindicaram ser descendentes dos residentes na Palestina de há 3.000 anos!…”

“…o sofrimento dos judeus como justificação: …Era fácil fazer os palestinos pagar por 2.000 anos de perseguições. Os palestinos, que têm sofrido o peso enorme dessa vingança, não foram os opressores históricos dos judeus: não foram eles que os encurralaram em ghettos e que os obrigaram a usar estrelas amarelas cosidas na roupa; não planificaram holocaustos! Tinham o simples defeito de ser fracos e indefesos perante forças organizadas militarmente, sendo por isso vítimas ideais para uma vingança abstracta…”

”…o anti-semitismo como justificação: …ao contrário da situação dos judeus perseguidos por serem judeus, os israelitas estão em guerra com os árabes porque cometeram o pecado do colonialismo, não por terem identidade judaica…”

“…a justificação da “lei da selva”: …configurar o mundo como naturalmente injusto, e tomar a opressão como processo natural foi sempre o solução adoptada por aqueles que querem manter os seus privilégios. A necessidade de justificar o sionismo, e a falta de outras defesas, fez com que essa concepção passasse a fazer parte da visão israelita do mundo; O cinismo em Israel tornou-se um recurso usual, característica que notabilizou os seus naturais…”

“…efeitos sobre os israelitas:
…os israelitas parecem estar atormentados pela maldição dum pecado original cometido contra os nativos do país, os árabes. Como poderá ser discutido o problema israelita sem abordar a usurpação da terra e a expulsão dos não-judeus? Este é o facto mais básico a respeito de Israel, e nenhuma compreensão da sua realidade permite ignorá-lo. O “pecado original” atormenta e aflige os israelitas; marca tudo e mancha toda a gente. A sua memória envenena o sangue e marca cada momento da existência…”
In: “Original Sins: Reflections on the History of Zionism and Israel.”, de Benjamin Beit-Hallahmi, autor israelita.

O “direito histórico” do sionismo à Palestina

“…o direito histórico do sionismo à Palestina não era histórico nem era… direito. Não era histórico na medida em que não cobre um vácuo de dois mil anos de ausência de povoamento judeu na Palestina, e não considera os mesmos dois mil anos de permanência noutros lugares. Não era direito, excepto no conceito místico-romântico de “terra e sangue “, e nos cultos ainda românticos da morte, dos heróis e dos túmulos…”

“…a pretensão do judeu sem eira nem beira radica num aglomerado de suposições que tanto negam a ideia liberal de cidadania como reproduzem a concepção anti-semita de que o estado pertence à maioria étnica que pertence à nação. Numa palavra, a causa sionista para um estado judaico é tão válida como a causa anti-semita para um estado étnico que marginalizasse os judeus…”
In: “Image and Reality of the Israel-Palestine Conflict”, pelo Professor Norman Finkelstein

Que tal o argumento sionista de que a Jordânia já é o Estado Palestino?

“… é frequentemente pretendido que havia, de facto, um “compromisso territorial” anterior, nomeadamente de 1922, quando a Transjordânia foi excluída como “terra prometida para a pátria do povo judeu”… decisão que é difícil criticar à luz do facto de que “o número de judeus que ali viviam a título permanente em 1921 era constituído por um número avaliado em duas ou, a acreditar em certas autoridades, três pessoas…”
In: “The Fatefull Triangle”, de Noam Chomsky

Porque será que Israel “a única democracia do Médio Oriente” não têm constituição?

“… a omissão em redigir uma constituição não foi um acaso. A expropriação maciça de terra e de outros pertences aos árabes que fugiram do território como consequência da guerra da independência, e daqueles que ficaram mas foram considerados ausentes, bem como a confiscação de largas porções de terra das localidades árabes dais quais não houve fuga de habitantes, tendo havido leis que legalizaram tais actos – todo esse tipo de medidas estaria condenado a ser declarado inconstitucional, nulo e de nenhum efeito pelo Supremo Tribunal, por ser expressamente discriminatório contra uma parte dos cidadãos, dado que qualquer constituição democrática se vê obrigada a tratar de igual modo todos eles…”
In: “Jewish State or Israeli Nation?” de Boas Evron.

“A única democracia no Próximo Oriente”? – continuação

“…a decisão do Supremo Tribunal israelita de 1989 de que qualquer partido político que defenda inteira igualdade entre árabes e judeus pode ser impedido a apresentar candidatos a eleições significa que o estado israelita é o estado dos judeus, não o estado dos árabes…”
In: “Image and Reality of the Israel-Palestine Conflict.” do Professor Norman Finkelstein.

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