
Israel não quer um acordo com o Irã; Israel só negocia em termos de capitulação completa e incondicional: isso, ou guerra.
Enquanto, em Genebra (Suíça) representantes do Irã e da Rússia,Alemanha, França, Reino Unido, União Europeia e Estados Unidos da América (Grupo dos 5 + 1) discutiam os passos necessários para pôr fim ao “problema nuclear iraniano” – um problema criado artificialmente -, o Estado de Israel mostrava, uma incontável vez mais, a sua determinação de preservar sua hegemonia regional a qualquer custo. Uma incontável vez mais, lança mão das comunidades judaicas nesses países (e em outros, como o Brasil) como parte de seus esforços de propaganda e desinformação. E, uma outra incontável vez, essas comunidades deixam-se instrumentalizar, reforçando o amálgamaperigoso que se criou e que identifica, perversamente, judaísmo com sionismo.
O Irã declarou que suas pesquisam nuclear não visam à obtenção de armas nucleares. Um dos serviços de “inteligência” (espionagem) estadunidenses confirmou que não há nenhuma informação que comprove o contrário. Várias missões de inspeção de órgãos das Nações Unidas não encontraram, elas tampouco, indícios de que a república islâmica estivesse caminhando rumo à produção de bombas atômicas – das quais Israel possui, como único pais na região, entre 200 e 400.
O objetivo do regime sionista não é que se impeça ao Irã de produzir tais armas; seu objetivo é o desmantelamento completo do programa nuclear daquele país, inclusive o que é, comprovadamente, de uso puramente civil.
Um dos ministros mais extremistas de direita desse regime, Naftali Bennett, conclamou na semana passada as comunidades judaicas na “Diáspora” (ou seja, nos países natais de seus correligionários judeus, países dos quais são cidadãos gozando de todos os direitos e benefícios) a pressionarem os seus respectivos governantes para que esses não aceitem um provável acordo entre o Irã e o o Grupo dos 5+1. A posição da França do pseudo-socialista François Hollande, à qual atribui-se o encerramento das discussões sem um acordo aceitável a todas as partes, teria sido tomada em decorrência dessas pressões, ou estaria a França simplesmente fazendo a parte do “bad cop” em um jogo dirigido pelos EUA que, desta vez, querem mostrar-se como “good cop”?
O influente lobby sionista nos EUA, que domina a maior parte das instituições representativas da comunidade judaica naquele país, também participa ativamente da campanha belicista de Telavive. Nestes dias, as Federações Judaicas da América do Norte, entidade que reúne cerca de 300 organizações dos EUA, está reunida em assembléia geral – não em alguma cidade estadunidense, como seria de se esperar, mas em Israel. Lá, os belicistas tentarão capitalizar esforços e recursos para generar uma grande pressão sobre os legisladores dos EUA, e sobre a administração Obama, para que não se chegue a acordo algum com o Irã. Pressões similares já estão ocorrendo na Rússia, na França, no Reino Unido e em outros países da União Europeia. Quem lê as publicações oficiais dos órgãos representativos (ou que se declaram como tal) da população judaica desses países vê do que se trata.
Israel não quer um acordo com o Irã; Israel só negocia em termos de capitulação completa e incondicional: isso, ou guerra.
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