
NESTA ALDEIA
Sérgio Muylaert
a Fadwa Tuqan
O chão liso,
O saibro,
O sangue dos milênios,
A encosta, a força bruta,
Os abutres rondam
A estrada limpa, a gruta,
O Vazio.
Nos casebres,
O impensável da miséria rasa,
O império do nada,
A febre do desterro,
Nos cárceres,
O cheiro podre, o lodo ressecado,
O genocídio das metralhas,
Das metralhas, rá-tá-tá-tá-tá,
Rombos nas paredes,
Nas paredes,
As vestes de crianças, trapos,
Miúdas sandálias,
Sopra ventania.
Por que são eternas as flores
Em Ramallah?
E os desta aldeia,
Da Samária,
Estarão em Nablus
Ou, em Mehjora?
Sérgio Muylaertwww.geocities.com/sermuy