Movimento Tamarod: “Nos orgulhamos do Egito e dos egípcios”

Uns dos heróis principais da “revolução 3 de julho” no Egito são os jovens “revoltosos” ativistas da campanha nacional da juventude Tamarod (A Revolta).  Desde 30 de junho...

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Uns dos heróis principais da “revolução 3 de julho” no Egito são os jovens “revoltosos” ativistas da campanha nacional da juventude Tamarod (A Revolta).

 Desde 30 de junho são eles, precisamente, quem organizam a maior parte das marchas de protesto, com muitos milhões de participantes, contra a política dos Irmãos Muçulmanos e pela demissão de Mohamed Mursi.

 Antes disso, eles recolheram, ao longo de duas semanas, assinaturas de apelos para a demissão de Mursi. O seu objetivo era recolher 15 milhões de assinaturas e ultrapassar consideravelmente o número de votos obtidos por Mursi nas eleições presidenciais do ano passado. Nessa ocasião, o candidato da Irmandade Muçulmanos tinha recolhido 13 milhões de votos que lhe proporcionaram a vitória por uma margem insignificante. Mais tarde, a direção do Tamarod anuncia, antes do início das marchas de protesto, ter recolhido mais de 22 milhões de assinaturas de egípcios a favor da demissão de Mursi, o que deu aos ativistas uma convicção adicional da sua razão e da sua força.

 O resultado já é conhecido. O poder da Irmandade, que parecia inabalável, caiu ao fim de três dias de marchas pacíficas. O Tamarod egípcio, pacífico, instruído, mas no entanto confiante na sua força e inabalável, obteve tudo o que pretendia.

 Mai Wahba, membro do Conselho Central e secretária de imprensa do Tamarod, explicou à Voz da Rússia os planos dos revoltosos para o futuro:

 – Nós não tínhamos no início o objetivo de criar qualquer organização permanente. Isto foi uma campanha com um fim completamente específico: apresentar um voto de desconfiança popular ao presidente Mohamed Mursi. Isso foi obtido. O período de governação da Irmandade terminou, espero que para sempre. Nós conseguimos isso.

 Eu continuo a ter dificuldade em acreditar. Apesar de, enquanto participava na campanha, ter acreditado nisso apaixonadamente e ter tentado muito transmitir essa confiança aos outros. Nós já percorremos esse caminho, mas as pessoas realmente não querem desmobilizar. Estas duas semanas uniram-nos muito. Agora, penso que nós iremos criar um movimento social permanente para influenciar as políticas do poder.

 Nós não pretendemos chegar ao poder ou ocupar cargos. Nós só tínhamos um objetivo, e nós atingimo-lo, mas não queremos ter a certeza que o nosso futuro Estado se baseie em instituições de poder honestas e transparentes, livres da corrupção e do compadrio. Até lá, nós observamos os acontecimentos. Já temos um presidente interino que prestou juramento. Agora será nomeado o primeiro-ministro.

 – Muitos falam agora de Mohamed El Baradei. Como vê essa candidatura?

 – Nós consideramos que não se trata de personalidades concretas e não impomos nenhuma delas a ninguém. O principal é formar um governo capaz de profissionais, de tecnocratas, de pessoas que conhecem o seu trabalho. Também deve existir um Conselho de Defesa Nacional, composto em cerca de 70 por cento por militares, mas também com uma presença de civis. Esse conselho será responsável pelas questões de segurança nacional e irá garantir uma relação transparente entre o exército, o poder político e a sociedade. Todos os mecanismos públicos devem ser transparentes e não como têm sido até agora. Nós iremos controlar para que assim seja e, se for necessário, iremos reagir.

 – Como irá reagir a Irmandade Muçulmana a todos estes acontecimentos? Irá responder com violência?

 – Eu duvido. Especialmente depois de os militares terem avisado a sério a Irmandade e outros islamistas com um castigo inevitável por esse tipo de atos. Os partidários do antigo presidente por enquanto se comportam com contenção. Eles vêm que, neste caso, o exército e o povo estão unidos. Os islamistas teriam respondido imediatamente com violência se não houvesse essa unidade.

 – Não teme que se vão repetir os acontecimentos que se seguiram à revolução de 25 de janeiro de 2011 e que a revolução seja de novo “roubada”?

 – Esse erro não voltará a se repetir, nós não iremos permitir. Foi precisamente o Tamarod que propôs o seu “mapa das estradas” para o período de transição a todas as forças políticas, e todas elas o aprovaram. Nós pensamos que agora o povo sabe quem quer o bem do Egito e quem se esforça apenas pelos seus interesses pessoais.

 Quero dizer que me orgulho do Egito e dos egípcios. O Egito é um país com uma antiga civilização e nós realizamos a nossa revolução de uma forma civilizada. O dia 30 de junho ficara na história como a data da nossa grande revolução.

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