
MORTA No. 18
20/04/2007
Mahmud Darwish
As oliveiras eram uma vez um bosque verde
Eram
o céu, meu amor
Parecia uma selva azul
Porque mudaram nesta tarde?
Na curva do caminhão dos trablhadores
Tranqüilamente
Nos mandaram ficar em pé
Tranqüilamente
Meu coração foi uma vez
Como um pássaro azul,
Ó ninho de meu amado!
Eu estava com teu pano, e era muito branco
O que o manchou nesta tarde?
Não entendo nada, meu amor
Pararam o caminhão e nos fizeram descer
Com a maior tranqüilidade
Te deixo tudo o que era meu
Te do a sombra, a luz
O anel de casamento, tudo o que você quiser
O cercado de oliveiras e figueiras
E como todas as noites, te encontrei
Entrarei, nos sonhos, pela janela
E te deixarei um ramo de jasmim
Mas não se zangue se me atraso um pouco
É que me detiveram
Eram todas verdes, as oliveiras
Verdes, meu amor
Cinqüenta mortos
As deixaram, ao pôr-do-sol
Numa lagoa vermelha
Ó meu amor, não brigue comigo
É que me mataram
Me mataram
Me mataram.
============================================================
Este poema faz alusão ao massacre de Kufer Kassem, no qual 56 pessoas, que voltavam do trabalho, foram fuziladas por soldados israelenses porque não sabiam do toque –de-recolher imposto naquele mesmo dia, e se achavam fora de casa depois do pôr-do-sol.