
Uma nota comemorativa publicada pelo MPPM – Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente, por ocasião do 30.º Aniversário da Conferência Mundial de Solidariedade com o Povo Árabe e a sua causa central: A Palestina, realizada em Lisboa, entre os dias 2 e 6 de Novembro, levou-me até ao meu baú de recordações encontrar o cartaz do evento, que aqui publico.
Esta Conferência foi promovida pelo Congresso do Povo Árabe – uma estrutura que reunia organizações políticas, sindicais, sociais, culturais e religiosas de todo o mundo árabe – e por um comité internacional representativo da América do Norte e da América Latina, da Europa, África e Ásia.
No plano nacional, coube ao Conselho Português para a Paz e a Cooperação (CPPC), a sua organização e contou com o apoio de um amplo leque de personalidades e associações democráticas, cívicas, humanitárias e religiosas e de muitos cidadãos e voluntários como eu.
Portugal foi o primeiro país europeu a receber Yasser Arafat, líder da OLP e da Fatah; o General Ramalho Eanes, Presidente da República, o primeiro Chefe de Estado europeu com quem teve uma conversa, que se prolongaria por quase duas horas; e a Engenheira Maria de Lurdes Pintassilgo, primeira-ministra europeia, com quem também se encontrou.
Portugal marcou assim, simbolicamente, como assinalou o MPPM, o início do reconhecimento, pela Europa, da OLP e, em geral, da causa palestina.
A Plataforma Política da Conferência ancorava-se no primado do direito e da legalidade internacional, e reclamava a aplicação integral das resoluções das Nações Unidas, com a retirada das tropas do Estado de Israel para as fronteiras anteriores a 1967, o reconhecimento dos direitos nacionais inalienáveis do povo da Palestina à autodeterminação e ao estabelecimento de um Estado independente e soberano, e o reconhecimento do direito dos refugiados ao regresso à sua terra.
Trinta anos passados desta Conferência, que foi sem dúvida um momento alto de solidariedade internacional, parece que nada mudou, antes tudo se complicou e a situação agravou-se.
Mas também não mudou, apesar da opressão, da repressão e da violência exercida pela potência ocupante, Israel, a inquebrantável vontade do Povo Palestino de construir o seu destino de forma independente e soberana.
Nós, como então, estaremos aqui perguntando como Mahmud Darwich:
Senhoras e senhores de bom coração, a
terra dos homens é
de todos os homens?” *