EDWARD W. SAID: A única e última voz avisada, o último judeu-palestiniano

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Edward Said a ultima entrevista

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EDWARD W. SAID: A única e última voz avisada, o último judeu-palestiniano

29 de Dezembro de 2008 por Carlos Vidal

Muito bem, vou seguir uma vez mais o conselho do leitor GL, propor que se abandone toda e qualquer demagogia sobre algo tão trágico como o conflito Israel-Palestina, tragédia que necessitaria da dimensão de um Bach para ser descrita, como diz Edward Said numa célebre entrevista a Ari Shavit, publicada a 18 de Agosto de 2000 no Ha’aretz de Tel Aviv. O problema é que em vez de Bach temos hoje Ehud Olmert, Abbas, Hamas.
Sem demagogia, portanto:
1) Reafirmo o que antes postei: o texto de J P Castro é uma ignomínia de extrema-direita (nem sei se islamofóbica se anti-semita, se “pós-humano”, tão desconcertante a coisa se apresenta)
Retomando a entrevista de Said ao jornal judaico, dela retiro dois ou três pontos:
2) Israel tem de reconhecer a tragédia infligida aos palestinianos ao longo da sua história de 60 anos APENAS.
3) A questão da posse da terra é a grande razão de todas as destruições, ou melhor, a ideia de que há uma ligação de tipo sanguínea entre identidade e território (como se todos não soubéssemos que a identidade judaica sobreviveu milhares de anos SEM TERRITÓRIO).
4) Por fim, temos a exposição por Said da solução “dois povos, um só estado” com direitos iguais para todos (o que chamamos “cidadania”), abandonando-se, quer para um lado quer para o outro, o estado confessional.
Passemos a Said:

 

EDWARD SAID: (…) Until the time comes when Israel assumes moral responsability for what it has done to the palestinian people, there can be no end to the conflict.
What is needed is a “bill of particulars” of all our claims against Israel for the original dispossession and for the accupation that began in 1967. What is needed, at the very least, is an acknowledgment of the destruction of Palestinian Society, of the dispossession of the Palestinian people and the confiscation of their land. And also of the deprivation and the suffering of the last fifty-two years, including such actions as the killing at Sabra and Chatilla refugee camps.
I believe that the conflict can only end when Israel assumes the burden of all of that. I think an attempt should be made to say “this is what happened”. (…)
ARI SHAVIT: Are you addicted to homelessness?
EDWARD SAID: I don’t know if I’m addicted. But I don’t own any real estate. The flat I live in is rented. I see myself as a wanderer. My position is that of a traveler, who is not interested in holding territory, who has no realm to protect.
Theodor Adorno says that in the twentieth century the idea of home has been superseded. I suppose part of my critic of Zionism is that it attaches to much importance to home. Saying, we need a home. And we’ll do anything to get a home, even if it means making others homeless.
Why do you think I’m interested in the bi-national state? Because I want a rich fabric of some sort, which no one can fully comprehend, and no one can fully own. I never understood the idea of this is my place, and you are out. I do not appreciate going back to the origin, to the pure. I believe the major political and intellectual disasters were caused by reductive movements that tried to simplify and purify. That said, we have to plant tents or kibbutz or army and start frm scratch.
I don’t believe in all that. I wouldn’t want it for myself. Even if I were a Jew, I’d fight against it. And it won’t last. Take it from me, Ari. Take my word for it. I’m older than you. (…)
ARI SHAVIT: You sound very Jewish.
EDWARD SAID: Of course. I’m the last Jewish intellectual. You don’t know anyone else. All your other Jewish intellectuals are now suburban squires. From Amos Oz to all these people here in America.
So I’m the last one. The only true follower of Adorno. Let me put this way: I’m a Jewish-Palestinian.

 

Edward Said morreu em 2003. De então para cá, a situação só piorou.

Aprofundando a trajectória deste que foi um dos maiores intelectuais do pós-II Guerra, atente-se na sua última entrevista com mais de 3h de duração, onde o seu trabalho em torno do cliché “orientalismo”, a sua actividade como músico e musicólogo, o seu trabalho com Daniel Baremboim (o famoso maestro judeu que ousou tocar Wagner em Israel) e o seu activismo palestiniano é retrospectivado detalhadamente.

Conhecer Said é um dever:

Edward Said: The Last Interview

http://www.ica.org.uk/Edward%20Said%3A%20The%20Last%20Interview+12227.twl

 

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Publicado em cinco dias | 12 comentários »

Comentários

Comentário de Spartakus
Data: 29 de Dezembro de 2008, 8:53

Infelizmente, admirando bastante o trajecto e o pensamento de Said, interrogo-me crescente se ele, de facto, estaria certo no seu raciocínio o qual a realidade parece desmentir.

Comentário de Carlos Vidal
Data: 29 de Dezembro de 2008, 11:55

Caro Spartakus,
Também a realidade na África do Sul do apartheid, que Said referia muitas vezes, parecia sem solução, e hoje vemos que a solução só poderia ser mesmo a actual: uma, duas, três, muitas cores, brancos, pretos e um só estado.
O problema não é esse, o problema é saber conduzir o processo de reconciliação nacional. Na África do Sul houve quem soubesse conduzi-lo. No Médio Oriente não sei se há gente para isso. Mas a tal me parece estarem condenados: à reconciliação, demore o tempo que demorar.

Comentário de O.Pina
Data: 29 de Dezembro de 2008, 12:06

Na minha opinião o autor do post na Jugular ou é neo-nazi ou está a precisar de tratamento psiquiátrico. Faço-lhe o favor de pensar que é a segunda hipótese…

Comentário de Luis Moreira
Data: 29 de Dezembro de 2008, 12:13

É que não há outra saída que não seja a reconciliação.Não vale a pena escrever o que foi já mil vezes escrito.

Comentário de Carlos Vidal
Data: 29 de Dezembro de 2008, 12:28

Caro O.Pina, coincido com o seu choque perante o comentário do jugular, e fico grato por V. ter vindo aqui comentar. Mas não sei se o autor jugular é neo-nazi ou se precisa de tratamento psiquiátrico. A esse indivíduo eu não faria qualquer “favor” – não o conheço de qualquer lugar, nem quero conhecê-lo.

Luís Moreira, parece-me que mais uma vez não leu este post com atenção (refiro-me às teses de Said). Já foi mil vezes escrito que é essencial a reconciliação, mas a tese de Said, a de um estado bi-nacional, não foi “mil vezes” referida. Aliás, conheço pouca gente que a compreenda.

Pingback de Arrastão: Nestes dias, ouvir Edward Said
Data: 29 de Dezembro de 2008, 14:31

[…] diz Carlos Vidal, a única e a última voz […]

Comentário de De Puta Madre
Data: 30 de Dezembro de 2008, 15:08

Caraças, CV: “3) A questão da posse da terra é a grande razão de todas as destruições, ou melhor, a ideia de que há uma ligação de tipo sanguínea entre identidade e território (como se todos não soubéssemos que a identidade judaica sobreviveu milhares de anos SEM TERRITÓRIO).”
Antão: Os Palestinianos Não sobreviveram a mesmissima quantidade de Anos y minutos y segundos SEM UM ESTADO!!!!!!!!!!!!
Pois. Pois. Pois.

Comentário de De Puta Madre
Data: 30 de Dezembro de 2008, 15:09

O.Pina
és o O.Pina do Portugal Club???
Se és: Viva Homem! Gosto em ver-te.

Comentário de Carlos Vidal
Data: 30 de Dezembro de 2008, 15:32

De Puta Madre, lamento, mas não percebeste o texto do Said (que tomo como minha posição). Os árabes ou palestinianos, com Arafat numa fase (em que tinha Said como conselheiro), não aspiravam a um estado árabe (como a OLP era laica, todos lá caberiam). Pelo menos não a um estado separado dos israelitas: Palestina e Israel, dois estados. Isso não é viável. Viável é a solução sul-africana: vários povos, várias etnias, um só estado, com direitos iguais para todos – um estado não de árabes e não de judeus, apenas um estado de “cidadãos”. Livres e iguais. Quanto tempo até lá chegarmos? Não sei. Pergunta ao sábio Mandela. É preciso saber esperar.

Comentário de De Puta Madre
Data: 30 de Dezembro de 2008, 23:22

Só gostava de saber o que é que pensas dos “Basquinhos” Espanolitos, p. ex. … n é por nada CV..

Comentário de Carlos Vidal
Data: 31 de Dezembro de 2008, 0:47

De Puta Madre, isso não vem a propósito, mas dos bascos penso que devem escolher o seu destino.
E julgo que essa escolha não diverge muito do que já têm – uma ampla autonomia, um autogoverno. Não vejo Espanha partida em 5 ou seis países, não simpatizo com estados etnicamente puros, prefiro sempre uma federação. E Espanha é quase uma federação

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