Décadas de desapropriação, ocupação e discriminação são a principal razão da resistência palestina

Décadas de desapropriação, ocupação e discriminação são a principal razão da resistência palestina. Veja também “Décadas de desapropriação, ocupação e discriminação são a principal razão da resistência palestina....

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Décadas de desapropriação, ocupação e discriminação são a principal razão da resistência palestina.

Rede global de judeus lança manifesto contra a ocupação israelense na Palestina

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“Décadas de desapropriação, ocupação e discriminação são a principal razão da resistência palestina. Mais repressão militar israelense e a contínua ocupação e cerco nunca cessarão o desejo palestino por liberdade e tampouco tocarão as reais causas da violência”, diz o documento; leia a íntegra do texto

Por Redação*

Uma nova rede internacional de judeus lançou, neste final de semana, um manifesto contra a ocupação israelense na Palestina. O grupo, que ainda não tem nome, conta com participantes de 16 países (do Brasil à Austrália, da Suíça à África do Sul) e representa quinze organizações.

No documento, os autores lembram os recentes episódios de violência que têm acontecido em Israel, sobretudo contra palestinos, e cobram dos judeus de todo o mundo que se posicionem contra a repressão militar israelense e pressionem o governo do país para que ouça sua demanda. “Décadas de desapropriação, ocupação e discriminação são a principal razão da resistência palestina. Mais repressão militar israelense e a contínua ocupação e cerco nunca cessarão o desejo palestino por liberdade e tampouco tocarão as reais causas da violência. Pelo contrário, as atuais ações do governo e do exército de Israel criarão mais violência, destruição, e o entrincheiramento dessa divisão. Apenas justiça e igualdade a todxs trarão paz e tranquilidade axs habitantes da Palestina e de Israel”, diz uma parte do texto.

Abaixo, confira o manifesto na íntegra:

CHEGA DE MORTES – FIM À OCUPAÇÃO

Nós, membrxs de comunidades judaicas ao redor do mundo, estamos horrorizadxs pela violência que tem varrido as ruas da Palestina/Israel, custando a vida de mais de 30 pessoas, tanto palestinos como israelenses, nas últimas duas semanas. Uma menina de dois anos em Gaza foi a mais jovem das quatro crianças palestinas mortas nesse período. Um garoto israelense de treze anos está em situação crítica após levar doze facadas. Mais de mil pessoas foram feridas neste período. O medo tomou por completo as ruas de Jerusalém, centro de toda essa violência. Israelenses atirando em manifestantes palestinos em Jerusalém Oriental e seus arredores. Palestinxs esfaqueando e atirando em civis e policiais israelenses nas ruas. Forças israelenses matando palestinxs suspeitos em crimes sem julgamento prévio, mesmo quando elxs claramente não representam uma ameaça. Palestinxs jogando pedras em carros. Gangues de israelenses batendo em palestinxs, ou pedindo à polícia que atire nelxs. Palestinxs sujeitadxs a revistas humilhantes nas ruas – tudo isso tem se tornado rotineiro na cidade onde fomos educadxs a rezar pela paz, assim como em outros lugares de Israel, Gaza e Cisjordânia.

Enquanto a violência é visível nas ruas, ela também ocupa os corações e mentes de todxs. O medo está revelando o pior das pessoas, demandando mais derramamento de sangue, como se isso fosse reparar o dano feito. O medo e a retórica racista estão escalonando a situação. Mais uma vez, o governo israelense responde com o poder militar: centenas de pessoas foram detidas; o acesso palestino à Esplanada das Mesquitas, onde se encontra a Mesquita de Al-Aqsa, foi restringido; o acesso à parte do bairro muçulmano da cidade velha de Jerusalém foi proibido axs palestinxs; regras de abrir fogo foram alteradas para permitir que franco atiradorxs abram fogo contra crianças; foi estabelecida uma sentença mínima para aquelxs que atirassem pedras, afetando mais de 150 crianças que foram presas somente em Jerusalém Oriental nessas últimas semanas; e já existem propostas para impor um toque de recolher, ou mesmo o cerco à Jerusalém Oriental.

Tudo isso constitui uma punição coletiva à população palestina de Jerusalém Oriental, mais de  300.000 habitantes. No passado, medidas como estas provaram-se ineficazes em dar fim à violência. Décadas de desapropriação, ocupação e discriminação são a principal razão da resistência palestina. Mais repressão militar israelense e a contínua ocupação e cerco nunca cessarão o desejo palestino por liberdade e tampouco tocarão as reais causas da violência. Pelo contrário, as atuais ações do governo e do exército de Israel criarão mais violência, destruição, e o entrincheiramento dessa divisão. Apenas justiça e igualdade a todxs trarão paz e tranquilidade axs habitantes da Palestina e de Israel.

Nós, um grupo de judeus e judias de todo o mundo, acreditamos que uma transformação imediata deve vir do governo e do povo israelense. Cabe a todos os judeus e judias do mundo pressionar o governo israelense – assim como aqueles que seguem e suportam seu discurso e ações – a mudar sua abordagem. A repressão militar deve cessar imediatamente e xs palestinxs devem ter seu direito de livre circulação garantido. É também responsabilidade de judias e judeus no mundo todo obrigar seus países a cessarem o apoio econômico e militar à contínua ocupação israelense na Palestina e ao cerco à Gaza imediatamente.

Nós convocamos nossas comunidades judaicas, e as demais comunidades a que pertencemos, a insistirem publicamente no fim da violência, da ocupação, do cerco e da resposta militarizada e  demandar igualdade e liberdade para o povo palestino e justiça para todxs.

Esta declaração foi criada por iniciativa de uma rede judaica internacional de grupos e indivíduos trabalhando por justiça na Palestina. Reivindicamos nossa identidade judaica não como uma identidade nacionalista, mas como uma identidade que celebra nossas diversas raízes, tradições e comunidades onde quer que estejamos ao redor do mundo. Acreditamos ser essencial que haja uma voz global judaica que enfrente as políticas destrutivas de Israel, em solidariedade à luta palestina. Esta rede internacional judaica visa, portanto, tornar-se esta voz.

Até o momento, assinam esta carta:

Shomeret Shalom Rabbinic School & Learning Center

Independent Jewish Voices Canada

Australian Jewish Democratic Society (AJDS)

Women in Black, Melbourne

Jewdas, UK

Tzedek Chicago

South African Jews for a Free Palestine

Jewish Voice for Democracy and Justice in Israel/Palestine (jvjp), Switzerland

Een Andere Joodse Stem, Another Jewish Voice – Belgium

Jewish Socialists’ Group – UK

United Jewish People’s Order – Canada

Beyt Tikkun Synagogue in Berkeley, California

Jewish Voice for Peace Bay Area Chapter

Jewish Voice for Peace Atlanta Chapter

Jewish Voice for Peace, Los Angeles chapter

Sahar Vardi, Jerusalem

Micha K. Ben David, Jerusalem

Daniel Mackintosh, London

Ilana Sumka, Belgium

Yael Shafritz, London

Rabbi Brant Rosen, Chicago

Rachel Diamond, London

Sivan Barak, Melbourne

Jordy Silverstein, Melbourne

Bianca Neumann, São Paulo

Gabriela Korman, Porto Alegre

Annie Cohen, London

Eran Cohen, London

James Kleinfeld, London

Joseph Finlay, London

Lev Taylor, London

Shajar Goldwaser, São Paulo

Iara Haasz, São Paulo

Lilian Avivia Lubochinski​, São Paulo

Elena Judensnaider Knijnik, São Paulo

Yuri Haasz, São Paulo

Juliana Westmann Del Poente, São Paulo

Breno Altman, São Paulo

Igor Fillippe Goldstein, São Paulo

Pedro Haasz Lakatos, São Paulo

Moriel Rothman-Zecher, Jerusalem.

Aryeh Bernstein, Chicago

Micah Hendler, Jerusalem

Rabbi Lynn Gottlieb

Robin Rothfield, Melbourne

Joan Nestle, Melbourne

Jem Light, Melbourne

Sue Leigh, Melbourne

Ben Silverstein, Sydney

Alex Nissen, Melbourne

Margaret Jacobs, Melbourne

Rae Abileah, USA

Shereen Usdin, Johannesburg

Lily Manoim, Cape Town

Merlynn Edelstein, Johannesburg

David Fine, Johannesburg

Dr. Fran Shahar, Atlanta

ilise cohen, Atlanta

Michal Shilor, Jerusalem Raoul Fishman

Judy Favish, Cape Town

Sheila Barsel, Cape Town

David Sanders, Cape Town

Heidi Grunebaum, Cape Town

Anya Topolski, Belgium

Dror Feiler, Sweden, Chair person for EJJP

Free Polazzo, Douglasville, Ga

Tovah Melaver, Decatur

Torii Lang, Decatur, Ga

Dr. Beth-Ann Buitekant, Atlanta, GA

Connie Sosnoff, Atlanta, GA

Tali Feld Gleiser, Dominican Republic

Moira Levy, Cape Town

Esther Mack, Jerusalem

Elizabeth Beck, Atlanta, GA

Shelby Weiner, Tel Aviv

Rabbi Michael Lerner, USA

Rina King, Cape Town

Benjamin Mordecai Ben-Baruch, Ashland

Estee Chandler, Los Angelas

Rachel Ida Buff, Los Angelas

Cat J. Zavis, Executive Director, Network of Spiritual Progressives

Rosa Manoim, Johanesbourg

Kathy Barolsky, South Africa

Free Solomon Polazzo, USA

Randy Aronov, USA

Nina M. Stein, Waterbury Connecticut

Joel Wool, Boston

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