Combates já chegaram à Cidade de Gaza, dizem testemunhas

Tropas israelenses entraram em subúrbios da Cidade de Gaza e travam combates nas ruas com militantes do movimento palestino Hamas, de acordo com testemunhas. Forças especiais israelenses avançaram...

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Tropas israelenses entraram em subúrbios da Cidade de Gaza e travam combates nas ruas com militantes do movimento palestino Hamas, de acordo com testemunhas.

Forças especiais israelenses avançaram centenas de metros em várias áreas e há notícia de intenso tiroteio.

Talat Jad, um morador do subúrbio de Tal al-Hawa, disse que ele e 15 membros de sua família se reuniram em um cômodo de sua casa e estavam amedrontados demais para olhar pela janela.

“Nós até desligamos os telefones celulares porque temos medo de que os soldados nos tanques podem ouví-los”, afirmou.

Analistas dizem que Israel pode estar evitando uma guerra urbana total na Cidade de Gaza. Combates intensos nas ruas podem complicar os esforços para se obter uma trégua e causar muitas baixas dos dois lados. Isso seria politicamente arriscado para o governo israelense menos de um mês antes das eleições parlamentares em Israel.

Crianças

O Comitê dos Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas (ONU) acusou Israel de mostrar um “claro desrespeito” pela proteção de crianças em sua operação militar na Faixa de Gaza.

Em um comunicado divulgado na terça-feira, o comitê diz que mais de 40% dos mortos no conflito são mulheres ou crianças, apesar de Israel ter assinado um protocolo da ONU que condena ataques em locais onde possa haver presença de menores de idade.

“O Comitê dos Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas está profundamente preocupado com os efeitos devastadores que o atual conflito militar em Gaza tem sobre as crianças”, diz o documento, divulgado em Genebra.

Segundo o comitê da ONU, os ataques terão graves efeitos emocionais e psicológicos em toda uma geração de menores em Gaza.

Funcionários dos serviços de saúde palestinos dizem que desde que o conflito começou, no dia 27 de dezembro, 971 pessoas morreram na Faixa de Gaza – dentre eles 311 eram crianças e 76, mulheres – e mais de 4,4 mil pessoas ficaram feridas.

Israel afirma que 13 de seus cidadãos morreram – três deles, civis.

Como Israel não permite a entrada de jornalistas estrangeiros na Faixa de Gaza, não é possível confirmar os números de mortos e feridos.

Apesar da ofensiva israelense, militantes na Faixa de Gaza continuaram lançando foguetes no sul de Israel. O Exército israelense diz que na terça-feira 25 morteiros e foguetes foram disparados de Gaza, e que caças de Israel realizaram mais de 50 ataques aéreos ao território durante o dia.

O ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, disse que a operação militar vai continuar até que os militantes parem de lançar foguetes e que o contrabando de armas para dentro da Faixa de Gaza seja interrompido.

Cruz Vermelha

Também na terça-feira, o presidente da Cruz Vermelha Internacional, Jakob Kellenberger, visitou a Faixa de Gaza, durante uma trégua de três horas no conflito entre Israel e militantes palestinos, para avaliar a extensão da crise humana no território.

Kellenberger foi até o principal hospital do território e também se encontrou com funcionários da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.

“Eu queria ver esse hospital e só posso dizer que isso é realmente muito triste e dói muito ver o que eu acabei de ver”, disse Kellenberger na visita ao hospital.

Em entrevista à BBC, um porta-voz do governo israelense, Mark Regev, disse que Israel está tomando “enorme cuidado” para evitar a morte de civis em Gaza.

“Nós divulgamos um vídeo ontem (segunda-feira) de pilotos em operações, em missões, em que eles abortaram a missão porque podiam ver civis na área a ser atacada. Nós não atiramos contra civis inocentes, ponto final”, disse Regev.

Esforços diplomáticos

No Cairo, continuam os esforços diplomáticos para tentar um cessar-fogo em Gaza. O presidente do Egito, Hosni Mubarak, e o monarca saudita, Abdullah, mantiveram reuniões para discutir o conflito.

No entanto, o Ministério das Relações Exteriores de Israel disse que não há garantias de que o grupo palestino Hamas, que controla a Faixa de Gaza, respeitaria um acordo de cessar-fogo.

Um porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, disse que qualquer acordo deve incluir o fim dos ataques israelenses, a completa retirada de suas forças da Faixa de Gaza e o fim do bloqueio imposto ao território, por meio da abertura de passagens na fronteira.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, chega ao Oriente Médio para um giro que deve incluir encontros com líderes de Israel, Egito, Jordânia e Síria, além de uma reunião com o presidente palestino Mahmoud Abbas, na Cisjordânia.

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